Teolatria

No Teolatria você encontra diversos estudos bíblicos em slides (power point) para baixar, além de muitas pregações, sermões expositivos, textuais, temáticos em mp3, dos pregadores da IMVC - Vilhena/RO: Pr. Cleilson, Pb. João, Pb. Alex, Pb. Wesllen Ferreira, irmã Clair Ivete e pregadores convidados.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0331 - ESCRAVOS NA HERANÇA

 


O escravo prudente dominará sobre o filho que causa vergonha e, entre os irmãos, terá parte na herança” (Pv 17.2).


O caso mais conhecido da Bíblia sobre um escravo que se tornou senhor de uma nação é o caso de José, filho de Jacó, que ficou conhecido como José do Egito, embora não fosse do Egito. A saga de sua história já é conhecida de todos e várias pregações já foram inspiradas neste acontecimento. Vendido por seus irmãos a uma caravana de comerciantes de escravos, foi parar no Egito, onde se tornou escravo por 13 anos e governador por 80!

Alguns homens da Bíblia, por não terem filhos, queriam fazer de seu escravo o herdeiro, como foi a intenção de Abraão com seu servo Eliézer (Gn 15.3). Houve o caso de um israelita, da família de Gileade que, por não ter filhos, senão filhas, deu sua filha por esposa a um escravo egípcio que ele tinha (1Cr 2.34,35).

Salomão está, neste provérbio, repreendendo com desprezo ao filho que desonra seus pais. Melhor é um escravo prudente do que um filho que causa vergonha em seus pais. De fato, a história nos mostra alguns casos em que senhores passaram a herança para escravos prudentes no meio de seus filhos, visto serem estes filhos imprudentes e vergonhosos.

Israel também foi considerado filho de Deus, como disse Oseias 11.1: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho”. Entretanto, Israel foi filho que desonrou a Deus, que Lhe desprezou. Sendo assim, Deus escolheu participar de Sua herança os gentios, piores que escravos! O apóstolo Pedro diz em sua carta: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus... vós, sim, que antes não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus” (1Pe 2.9,10).

Paulo também diz aos gálatas que éramos como escravos enquanto estávamos sujeitos aos rudimentos do mundo, mas vindo Jesus, nos resgatou da maldição da lei, para que recebêssemos a adoção de filhos. E isso Ele nos garantiu, enviando sobre nós o Espírito de Seu Filho que nos faz clamar “Aba, Pai”.  E Paulo finaliza, dizendo: “De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4.1-7).

Todavia, nós não éramos escravos prudentes! Salomão diz que o escravo prudente governa sobre os filhos. Não é nosso caso. Nós éramos escravos do pecado! Para que hoje tivéssemos a herança entre os filhos de Deus, foi necessário que o Filho de Deus Se fizesse escravo em nosso lugar. E foi exatamente o que Ele fez! Em Isaías, Ele é chamado profeticamente de “o Servo do Senhor”. Por que esse título? Porque quando o Filho de Deus viesse, Ele viria em forma de escravo, quando Se tornasse em semelhança de homem (Fp 2.7).

Esta é a grandiosa realidade. Hoje somos escravos que têm herança entre os filhos, não porque somos prudentes, mas porque o Filho Se fez escravo entre nós, carregou a nossa maldição e nos fez aceitos diante do Pai!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0330 - O PERDÃO E O SERVO INÚTIL

 


Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17.10).


Quando lemos este versículo, nos assustamos devido ao grau de exigência de Jesus a Seus seguidores. Logo pensamos: “Não conseguimos fazer quase nada do que nos foi ordenado... Se quem fizer tudo for inútil, imagine eu, que não faço quase nada”... De fato, o pensamento que deve nos sobressaltar sempre é que nós somos realmente piores do que inúteis. Se para ser inútil é preciso fazer tudo o que nos foi ordenado, o que somos então sem fazê-lo? 

Porém, o contexto nos mostra que Jesus está falando de perdão. No v. 3, Jesus diz que “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe”. O processo inicial é de advertência. Em havendo arrependimento, o perdão é obrigatório. No v. 4, Jesus aumenta a responsabilidade que o ofendido tem em perdoar, dizendo: “Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. E, como sabemos, o número 7 representa totalidade. Não quer dizer que temos que perdoar até 7 vezes, mas tantas quantas vezes o ofensor se arrepender. Não há limites, simplesmente! Os apóstolos entenderam essa forma de Jesus falar, pois disseram no v. 5: “Aumenta-nos a fé”!

Por isso Jesus conta essa parábola. Ele diz que se alguém tinha um servo na lavoura, ou guardando o gado, não iria dizer a este servo para se assentar e comer assim que chegasse do trabalho, pois havia mais um trabalho a fazer. Antes de se assentar, o servo ainda deveria servir a seu patrão para, só depois, fazer seu prato de comida. O patrão seria servido e nem assim agradeceria, porque o escravo apenas fizera nada mais que sua incumbência.

É isto que nosso Senhor está dizendo. Perdoar não é ato heroico, não tem nada digno de aplauso nisso. Perdoar nada mais é do que nosso dever uns para com os outros. Perdão não é sentimento, é mandamento! Não há honra especial para alguém que perdoa seu irmão, pois isto é nossa obrigação e não nossa opção.

Há crentes que são tão econômicos no perdoar, que pensam que por terem perdoado uma vez já estão isentos de tudo mais, já podem assentar-se à mesa e comer, mas não podem ainda. É preciso viver de pé, prontos a perdoar mais uma vez e outra e mais outra. Às vezes dizemos como os apóstolos: “Aumenta-nos a fé” porque achamos que esta é uma tarefa impossível de cumprirmos. Alegamos que não estamos prontos para isso, que Deus nos dê paciência, etc. Mas Jesus já diz sobre isso no v. 6: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá”.

Deduzimos que economizar perdão é falta de exercer corretamente a fé, ao passo que não perdoar é não ter fé. Exercer corretamente a fé como um grão de mostarda, não é se importar com o tamanho da fé, mas sim com seu efeito. O grão de mostarda, como o próprio Jesus disse em outra parábola, é o menor das sementes, mas quando plantado, torna-se a maior das hortaliças (Mt 13.31,32). Se for assim a nossa fé, não haverá amoreira alguma que fique entre nós e nossos irmãos. Será arrancado e lançado ao mar qualquer problema, e nem mesmo por isso seremos dignos de algum louvor...

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

sexta-feira, 12 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0329 - PARA QUE A LEI?

 


E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa” (Gl 3.17).


O entendimento acerca da lei de Deus e seu propósito é muito claro na carta de Paulo aos Gálatas. Especialmente no cap. 3, onde Paulo repreende os gálatas por tentarem misturar a fé com as obras da lei para serem salvos. Você pode ver isto a partir do v. 1. No v. 3 Paulo chega a chamar as obras da lei de “carne”, enquanto que a pregação da fé, ele chama de “Espírito”.

Ao usar Abraão como exemplo, Paulo diz que ele foi justificado pela fé e não por obras da lei que nem ainda existiam (v. 6, citando Gn 15.6). E arremata no v. 7 dizendo que os que são da fé é que são filhos dele. Há algo incrível nos vs. 8-14 para o que precisamos nos atentar: Paulo diz que quando Deus falou com Abraão que nele seriam benditos todos os povos da terra (Gn 12.3), na verdade Deus estava falando da justificação pela fé que iria dar aos gentios que cressem (v. 8)! Porém, ao contrário desta bênção prometida a Abraão, todos os que vivessem pelas obras da lei, seriam malditos (v. 10)!

Paulo centraliza a questão da promessa. No v. 16, ele diz que a promessa foi feita a Abraão e ao seu descendente (no singular), que Paulo conclui que é Cristo. Segundo o apóstolo, a lei, que vem 430 anos depois não pode anular a promessa (v. 17). Então alguém perguntaria: pra que a lei? A resposta de Paulo não agradaria às religiões que querem guardar a lei. Também a resposta dele não diz que esta lei é cerimonial, como alguns alegam. Ele diz que a lei foi dada por causa das transgressões até que Jesus viesse (v. 19). Obviamente não pode ser a lei cerimonial, pois esta não se referia a pecados e transgressões...

Eis aqui a resposta: se a promessa só pode ser dada aos que creem (v. 22), então a lei veio para colocar todos debaixo do pecado, a fim de que ninguém pudesse tomar posse da promessa por suas próprias forças! A lei veio para provar para o homem que ele é pecador e sua incapacidade de cumprir a lei só lhe dá duas alternativas: ou se lança pela fé aos braços de Cristo, ou será condenado por não cumprir a lei!

Por isso é que Paulo diz que a lei nos serviu de aio (gr. paidagōgos, ou “condutor”) para nos conduzir a Cristo (v. 24). Ela nos aprisionava em nossos pecados, isto é, não nos deixando brechas para acharmos que não somos pecadores, até que Cristo chegasse e, então, pudéssemos ser justificados por crermos nEle!

O raciocínio de Paulo é concluído de modo lógico: tendo vindo a fé, não precisamos mais do condutor (v. 25). Dessa forma, estamos livres da lei. Pela fé em Cristo, nos tornamos filhos (v. 26), sendo assim, não pode mais haver essa questão de diferença étnica, social ou de gênero (v. 28), pois somos de Cristo. E se Cristo é o descendente (singular), então os que nEle creem são os descendentes (plural) e herdeiros, participantes da promessa (v. 29)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quinta-feira, 11 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0328 - O FILHO IMITA O PAI (DE QUEM VEM A SALVAÇÃO?)

 


Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21).


O embate de Jesus com os judeus de Sua época em Jerusalém era bastante frequente. O apóstolo João relata muitos deles. A presente discussão que Jesus tem com os judeus, seu motivo foi o fato de Cristo ter curado um enfermo no tanque de Betesda num dia de sábado (v. 9), o qual, sendo curado passou a andar e carregar seu leito, o que, em dia de sábado não era permitido na tradição judaica.

A resposta de Jesus em nada aliviava Sua própria situação e irritava mais os judeus. Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (v. 17). Por isso, diz o v. 18, os judeus procuravam ainda mais matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era Seu próprio Pai, fazendo-Se igual a Deus!

A justificativa de Jesus foi que Ele, como Filho, só fazia aquilo que via o Pai fazer (v. 19), porque o Pai O amava e Lhe mostrava tudo o que fazia, inclusive mostraria coisas maiores do que apenas curar aquele enfermo (v. 20). Então Jesus dá esse exemplo do v. 21 que nós lemos. O Pai ressuscita os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer! E para que todos honrassem o Filho como honravam o Pai, Este concedeu ao Filho todo o julgamento (vs. 22,23).

Jesus está falando aqui de vida espiritual que Ele concede a quem Ele quiser, pois todos são espiritualmente mortos em delitos e pecados. Como sabemos que Jesus está falando de mortos espirituais e não físicos? Por causa dos próximos versículos. No v. 25, por exemplo, Jesus diz que “vem a hora e já chegou”, ou “vem a hora e agora é”, dependendo da versão, “em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão”. Se a hora é agora, se a hora já chegou desde quando Jesus pronunciou estas palavras, então é claro que Ele não está falando de mortos físicos, pois não vemos ressurreição todos os dias por aí.

É claro que Ele também tem poder sobre os mortos físicos. Jesus diz sobre eles nos vs. 28,29: “ Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”. Observe que Ele diz que vem a hora, mas não diz que já chegou. Então aqui se trata dos mortos físicos, que Ele há de ressuscitar no último dia.

O poder que o Pai deu ao Filho sobre aquele enfermo no tanque de Betesda foi apenas um pequeno demonstrativo do poder que o Pai Lhe deu sobre todos os que Ele quer vivificar da morte espiritual. Aquele homem ainda rastejava, mas nós estávamos mortos! Nosso estado espiritual era de putrefação irrecuperável! Não havia ninguém que nos ajudasse a chegar a Deus, nem nós mesmos. Deus é que veio até nós, assim como Jesus que foi até aquele homem! E, assim como Jesus não curou a todos os enfermos que ali estavam, assim também Ele vivifica apenas aqueles a quem quer! Como certa vez Jesus orou ao Pai: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27).

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

quarta-feira, 10 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0327 - JESUS NO SALMO 34

 


Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra. Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado. O infortúnio matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão condenados. O SENHOR resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado” (Sl 34.19-22).


O rei Davi, no Salmo 34, expressa seu louvor ao Senhor por tê-lo livrado do rei filisteu, quando seus servos o levaram perante ele, apresentando-o como o homem que havia matado vários milhares de filisteus numa guerra, depois de ter vencido Golias, o gigante filisteu. O episódio está em 1Sm 21.10-15. Para se ver livre do rei, Davi se fingia de louco, babava e rabiscava as portas do palácio daquele rei. Imediatamente, o rei filisteu mandou tirar Davi de sua frente.

Cada episódio na vida de Davi gerava um salmo de louvor a Deus. Ele louvou ao Senhor pelo livramento que lhe dera naquele dia. Não atribuiu seu livramento ao seu fingimento, mas à misericórdia do Senhor. Neste salmo, Davi fala de sua atitude para com Deus, fala da atitude dos que temem ao nome do Senhor, os justos e, finalmente, fala no singular, do Justo! Curiosamente, ele muda do plural para o singular e veremos a razão disso.

O apóstolo João, ao verificar o episódio da crucificação, escreveu em seu Evangelho que nenhum dos ossos de Jesus havia sido quebrado (Jo 19.33,36). Ainda que os soldados tivessem quebrado as pernas dos dois que foram crucificados com Cristo, todavia, os ossos de Cristo não foram quebrados. E João diz que era para que se cumprisse a Escritura, pensando exatamente neste salmo. Portanto, aqui no final deste salmo, Davi não estava falando mais de qualquer justo, mas profeticamente falava de Cristo. Este final do salmo é messiânico!

Muitas foram as aflições do Justo – no entanto, Deus O livrou de todas; Seus ossos foram preservados – na cruz, mesmo tendo os outros dois a Seu lado os seus ossos quebrados, os de Jesus não foram; Davi também diz no v. 21 que os que odeiam o Justo serão condenados – de fato, o apóstolo João confirma isto em seu Evangelho, quando diz: “Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36). E no final do salmo, Davi diz que “o Senhor resgata a alma dos Seus servos, e dos que nEle confiam, nenhum será condenado” – assim diz também o apóstolo João no versículo mais famoso da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Vemos assim, que este salmo de Davi começa com um louvor pessoal a Deus por Sua bondade, passa por um convite a todos para que temam e clamem a Deus e finaliza com uma profecia cristológica, anunciando nada menos do que o evangelho, que os ímpios serão condenados e os que confiam no Senhor serão resgatados! Este resgate aconteceu na cruz do Calvário, onde nosso Senhor derramou Sua alma para resgatar a nossa!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0326 - LOUCOS POR CAUSA DE CRISTO?

 


Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis” (1Co 4.10).


É muito comum ouvir de alguns crentes a frase do início deste versículo: “Nós somos loucos por amor a Cristo”... e com isso justificam muitas loucuras mesmo, feitas em nome do evangelho. Há muito tipo de aberrações feitas no meio das igrejas evangélicas, usando erradamente o sentido deste versículo, que iremos ver agora.

O contexto dos 4 primeiros capítulos desta carta diz respeito à divisão que existia na igreja de Corinto, onde grupinhos se repartiam, alegando pertencer a algum líder, fosse Paulo, Apolo, Pedro ou até mesmo Cristo. Paulo os repreende, dizendo, entre outras coisas, que eles eram apenas ministros (servos) de Cristo (v. 1).

No v. 6, Paulo admoesta aos coríntios que chamou a atenção deles para evitar que eles fossem além do que deveriam, assim como os próprios apóstolos. Ninguém deve se ensoberbecer por nada, pois tudo o que temos e somos vem de Deus (v. 7).

Do v. 8 ao 13, o apóstolo, na verdade, se utiliza de uma figura de linguagem conhecida como ironia, quando o escritor zomba de seus leitores. Como quando dizemos para alguém que é medroso, por exemplo, que ele é um exemplo de coragem, quando todo mundo sabe que é medroso. Paulo diz que os coríntios já estavam fartos e ricos, chegavam a reinar sem os apóstolos (v. 8), mas aí mesmo no v. 8 ele mostra que está sendo irônico, quando diz: “quem dera reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco”. Ele continua em tom de ironia até o v. 13.

Por isso, no v. 10, entendemos que o apóstolo, quando diz “nós somos loucos e vós sábios”, ele quer dizer exatamente o contrário. Como se dissesse: “até parece que nós somos loucos e vocês é que são sábios”... “até parece que nós somos fracos e vocês fortes”... e assim por diante. Paulo está apenas usando essa ironia para mostrar aos crentes daquela igreja o lugar verdadeiro deles. E o objetivo é para que eles aprendam a não se orgulhar. Como Paulo conclui no v. 14: “Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados”. Com uma palavra dessa, os coríntios deviam ter ficado envergonhados!

Não use esta frase para cometer tolices e idiotices em nome de Cristo, como muitos já o fazem vergonhosamente. Ela não quer dizer que Cristo deseja seguidores loucos. Pelo contrário, se com isso Paulo quis dizer que os loucos eram os coríntios, e de fato foi isso que ele quis dizer, então essa é uma atitude condenável e não louvável. Cristo quer seguidores humildes, sóbrios, que saibam se posicionar dentro daquilo para o que foram chamados e não loucos desvairados que escandalizam Seu santo nome por aí.

Día tes písteos.

Pr. Cleilson

segunda-feira, 8 de abril de 2024

REMINISCÊNCIAS DEVOCIONAIS 0325 - O LIVRO DA NOSSA VIDA, O MAL E A GLÓRIA DE DEUS

 


Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sl 139.16).


Desde cedo, a gente aprende que Deus está escrevendo tudo o que a gente faz. As crianças são ensinadas (e às vezes até amedrontadas) que Deus tem um anjo escrevendo tudo o que a gente faz num livro e depois passa o relatório para Ele. Nada mais longe da realidade... aliás, é o exato oposto da realidade.

O texto de hoje nos fala de maneira clara que foi exatamente o contrário: Deus escreveu no livro todos os nossos dias, antes que qualquer um deles existisse! E o salmista ainda enfatiza: “cada um deles escrito e determinado”! Não há como fugir da clareza deste versículo. Tudo que acontece na vida de cada pessoa no universo foi determinado por Deus. Dizer o contrário disso é dizer que há forças que fazem coisas acontecerem que Deus não domina.

Quando falamos sobre isso, logo vem à mente humana a questão do mal, das coisas ruins que acontecem todos os dias e logo as pessoas concluem que Deus não pode ter ordenado isso. Mas não é isso que encontramos na Bíblia. Jeremias disse: “Quem é aquele que diz, e assim acontece, quando o Senhor o não mande? Acaso, não procede do Altíssimo tanto o mal como o bem?” (Lm 3.37,38).

Entretanto, Deus não decreta o mal como um pecado brotando de dentro dEle, pois Ele é bom e dEle procede toda boa dádiva e todo dom perfeito (Tg 1.17). Tudo que vem de Deus é bom, Ele não pode pecar. Deus decreta o mal, mas as criaturas que Ele decretou que pratiquem o mal é que cometem pecado. Não Deus. Quando os irmãos de José o venderam, ele ficou escravo e prisioneiro no Egito por 13 anos, ou seja, Deus decretou o mal, mas quem pecou foram os irmãos de José. Porém Deus transformou aquele mal em bem, quando elevou José ao trono e salvou seus próprios irmãos que o venderam (Gn 50.20)!

Alguém pode dizer que não foi Deus que decretou aquele mal. Foi quem, então? Há alguém mais poderoso ou igual a Deus, para concorrer com Ele nos acontecimentos do universo? Houve inclusive um mal maior que esse e maior que todos os males, que foi decretado por Deus, o maior mal que já existiu na história da humanidade, a morte de Seu Filho, e em At 4.27,28 diz que foi Deus quem o decretou. Deus decretou este mal, mas os homens o executaram com a perversidade proveniente de seus próprios corações. Mesmo assim, dali, Deus retirou o maior bem, que é a nossa salvação! Deus decretou aquele mal, mas não mandou ninguém matar Seu Filho. Aliás, se Deus mandasse, logo não seria pecado. Ao contrário, pecado seria desobedecer e não matar. Ou seja, há uma diferença entre o que Deus decreta e o que Ele manda; um fala de Sua vontade decretiva e outro de Sua vontade preceptiva; vontade oculta e vontade revelada; Seu desejo soberano e Seu desejo moral para Suas criaturas. Na vontade oculta, Deus estabeleceu a morte de Jesus, inclusive as pessoas que iriam matá-lo (Ap 13.8). Mas na vontade revelada ou moral para os homens, Deus proíbe o assassinato (Êx 20.13)! Aqueles homens quebraram a lei de Deus por seu pecado, mas estavam cumprindo os decretos eternos de Deus! Nosso Deus cumpriu Seus decretos por meio do mal que Ele mesmo estabeleceu, porém, usando homens pecadores e desobedientes à Sua lei para cumprir tudo isso.

Todas as coisas que acontecem na nossa vida, sejam boas ou ruins, foram determinadas por Deus desde sempre, para que através disso, seja o bem ou o mal que vier nos acontecer, os bons planos do Senhor sejam mostrados e Seu nome glorificado. As coisas não têm que ser boas para nós, elas têm que glorificar a Deus. Somente quando Deus é glorificado é que tudo é bom. E todas as coisas hão de glorificar a Deus, até as mais improváveis, como disse o salmista: “Até a ira humana há de louvar-te; e dos resíduos das iras te cinges” (Sl 76.10).

Sua vida não é um acaso, não é um livro que está sendo escrito, muito menos por você. Deus não joga dados nem deixa o destino do homem em sua mão. Ele já fechou a última página de nossas vidas com a capa final. Todas as coisas têm um propósito e, se Deus te chamou para Seu bom propósito, então tudo o que acontecer com você irá cooperar para seu bem eterno, para que Deus seja glorificado, porque é isto que vai acontecer (Rm 8.28)!

Día tes písteos.

Pr. Cleilson